Como funcionam os anticorpos monoclonais conjugados a droga no câncer

Gustavo Schvartsman • 25 de dezembro de 2024

Os avanços no tratamento do câncer têm sido impulsionados por terapias inovadoras, e os anticorpos monoclonais conjugados a droga estão entre as mais promissoras. Esses agentes combinam a precisão dos anticorpos monoclonais com a potência de medicamentos citotóxicos, visando diretamente as células cancerosas e minimizando os danos ao tecido saudável.

Neste artigo, exploraremos como funcionam os anticorpos monoclonais conjugados, seus benefícios no tratamento do câncer e os desafios relacionados a essa terapia. Continue lendo para entender como essa abordagem está revolucionando o combate ao câncer.


O que são anticorpos monoclonais?


Para compreender os anticorpos monoclonais conjugados, é essencial entender primeiro o conceito de anticorpos monoclonais.


São
proteínas produzidas em laboratório, projetadas para se ligar a alvos específicos nas células cancerosas, como proteínas ou receptores localizados na superfície dessas células. A terapia com anticorpos monoclonais utiliza essas proteínas para atacar diretamente as células tumorais, seja marcando-as para destruição pelo sistema imunológico, ou bloqueando processos vitais que estimulam o crescimento do tumor. Muitos anticorpos hoje são utilizados comumente no tratamento do câncer, como o bevacizumabe (anti-VEGF), o cetuximabe (anti-EGFR), trastruzumabe (anti-HER2) e os anti-PD1s (pembrolizumabe, nivolumabe, entre outros).


O que são anticorpos monoclonais conjugados?


Os anticorpos monoclonais conjugados a drogas, também chamados de ADCs (Antibody-Drug Conjugates), são uma evolução da terapia com anticorpos monoclonais. Eles
combinam um anticorpo monoclonal com um agente terapêutico, geralmente um medicamento citotóxico, que é liberado diretamente dentro da célula cancerosa após a ligação ao alvo específico. 

Esse processo funciona como um cavalo de Tróia, que permite uma entrega precisa do medicamento após o anticorpo ser internalizado pela célula, minimizando os danos às células saudáveis e aumentando a eficácia do tratamento contra o câncer.


Como funcionam os anticorpos monoclonais conjugados?


Os anticorpos monoclonais conjugados seguem uma estratégia de ação em três fases:


  1. Ligação ao alvo específico


O anticorpo monoclonal é projetado para
reconhecer e se ligar a uma proteína específica presente na superfície da célula cancerosa. Essa proteína, geralmente superexpressa em células tumorais, age como um "endereço" para o anticorpo, direcionando-o ao local certo.


    2.  Internalização e liberação do agente citotóxico


Após se conectar à célula-alvo, o anticorpo é internalizado. Dentro da célula cancerosa, o agente terapêutico (um potente medicamento quimioterápico) é liberado,
atacando diretamente o DNA ou outras estruturas essenciais da célula, levando à sua destruição.


    3.  Minimização dos danos ao tecido saudável


Como o agente citotóxico é ativado apenas após a ligação à célula cancerosa,
as células saudáveis ao redor são menos expostas à droga, resultando em menos efeitos colaterais sistêmicos, como os observados em outras quimioterapias.


Quais tipos de câncer podem ser tratados com anticorpos monoclonais conjugados?


Os anticorpos monoclonais conjugados têm demonstrado sucesso no tratamento de vários tipos de câncer, incluindo:


Câncer de mama

Um exemplo amplamente utilizado é o trastuzumabe emtansina (T-DM1), indicado para pacientes com câncer de mama HER2-positivo. Essa terapia combina o anticorpo trastuzumabe com um quimioterápico potente, sendo eficaz, especialmente em casos de câncer de mama metastático. Mais recentemente, o medicamento trastuzumabe-deruxtecan utiliza uma tecnologia mais moderna e estável da conjugação do quimioterápico, sendo significativamente eficaz em todos os tumores que têm superexpressão de HER2.


Leucemias e linfomas

Anticorpos monoclonais conjugados têm mostrado bons resultados no tratamento de leucemias e linfomas, como o brentuximab vedotina, utilizado no tratamento do linfoma de Hodgkin.


Câncer de bexiga e outros tumores sólidos

Além de cânceres hematológicos, anticorpos conjugados estão sendo desenvolvidos para tratar cânceres de bexiga, pulmão e outros tumores sólidos, ampliando as opções terapêuticas para esses pacientes.


Vantagens dos anticorpos monoclonais conjugados


Os anticorpos monoclonais conjugados apresentam várias vantagens em relação aos tratamentos tradicionais, como a quimioterapia convencional. Entre os principais benefícios estão:


  • Precisão na entrega do medicamento

Por direcionarem o medicamento diretamente às células cancerosas, os anticorpos monoclonais conjugados garantem uma maior precisão no alvo, reduzindo a exposição de células saudáveis aos efeitos tóxicos.


  • Redução dos efeitos colaterais sistêmicos

Como o agente citotóxico é liberado apenas dentro da célula cancerosa, os efeitos colaterais sistêmicos, como náusea, fadiga e queda de cabelo, são significativamente menores.


  • Maior potência com menos tóxicos

Os quimioterápicos usados nos ADCs são geralmente mais potentes que os da quimioterapia convencional, já que sua liberação controlada e específica permite o uso de doses menores, com maior eficácia no combate ao câncer.


Desafios e limitações dos anticorpos monoclonais conjugados


Embora os anticorpos monoclonais conjugados sejam um avanço importante no tratamento do câncer, eles apresentam alguns desafios e limitações.


Assim como ocorre com outras terapias, as células cancerosas
podem desenvolver resistência aos anticorpos monoclonais conjugados com o tempo, reduzindo sua eficácia e dificultando o tratamento a longo prazo. A célula pode ficar resistente seja aprendendo a contornar o mecanismo de ação da quimioterapia, seja reduzindo sua expressão do receptor na superfície da célula, entendendo a vulnerabilidade que lhe trouxe.


Além disso,
nem todos os tipos de câncer expressam proteínas-alvo específicas que os ADCs possam atacar, o que limita a aplicação dessa terapia a certos tipos de tumores. 


Embora os ADCs causem menos efeitos colaterais sistêmicos, eles ainda
podem provocar toxicidade em áreas específicas, como no fígado ou no sistema hematológico, especialmente se o medicamento não for totalmente internalizado pelas células tumorais.


Perguntas frequentes


O que são anticorpos monoclonais conjugados?

Anticorpos monoclonais conjugados (ADCs) são terapias que combinam anticorpos monoclonais com drogas citotóxicas, entregando o medicamento diretamente às células cancerosas.


Como os anticorpos monoclonais conjugados funcionam no tratamento do câncer?

Eles se ligam a alvos específicos nas células cancerosas, liberando drogas tóxicas dentro das células tumorais, o que leva à sua destruição.


Quais são os benefícios dos anticorpos monoclonais conjugados?

A principal vantagem é a precisão na entrega do medicamento, reduzindo os efeitos colaterais e atingindo diretamente as células cancerosas.


Os anticorpos monoclonais conjugados são indicados para todos os pacientes com câncer?

Não, eles são indicados para pacientes com tipos de câncer que expressam proteínas-alvo específicas para a ação do anticorpo conjugado.


Quanto tempo dura um tratamento com anticorpos monoclonais conjugados?

A duração varia conforme o tipo de câncer e o estágio da doença, sendo necessário acompanhamento médico contínuo para ajustar o tratamento.


O que acontece se a célula cancerosa não tiver o alvo específico para o anticorpo conjugado?

Se a célula cancerosa não expressar a proteína-alvo adequada, o anticorpo monoclonal conjugado não será eficaz, pois não poderá se ligar e liberar a droga citotóxica.


Os anticorpos monoclonais conjugados podem ser usados em combinação com outros tratamentos?

Sim, ADCs podem ser combinados com outros tratamentos, como quimioterapia, imunoterapia e radioterapia, dependendo do tipo e estágio do câncer.


Como os médicos decidem qual anticorpo monoclonal conjugado usar?

A escolha depende do tipo de câncer, da presença de proteínas-alvo específicas e do estado geral do paciente, além de testes genéticos e moleculares que orientam o tratamento personalizado.


O uso de anticorpos monoclonais conjugados pode ser interrompido e retomado?

Sim, em alguns casos, o tratamento pode ser pausado devido a efeitos colaterais e retomado após a recuperação. A decisão depende da condição clínica do paciente e da resposta ao tratamen


Para que serve o exame anticorpos monoclonais?

O exame com anticorpos monoclonais serve para identificar proteínas ou receptores específicos em células cancerosas, ajudando no diagnóstico ou tratamento de diversas doenças, incluindo o câncer.


Qual a função do anticorpo conjugado?

A função do anticorpo conjugado é ligar-se especificamente a células cancerosas e liberar um agente terapêutico diretamente no tumor, reduzindo os danos às células saudáveis.


Como age um anticorpo monoclonal?

O anticorpo monoclonal se liga a uma proteína-alvo nas células cancerosas, marcando-as para destruição pelo sistema imunológico ou bloqueando processos que favorecem o crescimento do tumor.


Quais são os possíveis efeitos colaterais com o tratamento com anticorpos monoclonais?

Efeitos colaterais podem incluir fadiga, reações alérgicas, problemas hepáticos, toxicidade hematológica e infecções, dependendo da terapia e da resposta individual.


Conclusão


Os anticorpos monoclonais conjugados representam uma abordagem inovadora e eficaz no tratamento de vários tipos de câncer,
combinando a precisão dos anticorpos monoclonais com a potência dos agentes citotóxicos. Embora existam desafios, como a resistência ao tratamento, os ADCs estão abrindo novas portas para pacientes que precisam de terapias mais direcionadas e menos invasivas.


Você já conhecia os anticorpos monoclonais conjugados do câncer? 


Se você está em busca de um especialista em oncologia clínica, conheça o Dr. Gustavo Schvartsman, formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo e com especialização no MD Anderson Cancer Center, ele traz experiência internacional e um forte foco em imunoterapia. Atuando no Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Gustavo oferece tratamentos personalizados, incluindo terapias de última geração e um cuidado integral, garantindo que cada paciente receba as melhores opções de tratamento disponíveis. Para mais informações navegue no site ou para agendar uma consulta clique aqui.


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