Afinal, estresse causa câncer?

Gustavo Schvartsman • 17 de fevereiro de 2025

A relação entre estresse e câncer é um tema que gera muitas dúvidas e especulações. Em um mundo cada vez mais acelerado, onde as pressões do dia a dia são constantes, é comum que as pessoas se preocupem com o impacto do estresse crônico em sua saúde. Mas será que o estresse causa câncer?


Esse artigo aborda as principais evidências científicas sobre essa questão, explica
como o estresse afeta o corpo e se pode estar relacionado ao desenvolvimento do câncer. Continue lendo para entender melhor como o estresse pode influenciar sua saúde e se ele é um fator de risco direto para o câncer.


Como o estresse afeta o corpo?


O estresse é uma
resposta natural do organismo diante de situações desafiadoras ou ameaçadoras. Nessas condições, o corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol, que aumentam os batimentos cardíacos e fornecem mais energia para lidar com o desafio. A curto prazo, essa resposta pode ser útil. No entanto, quando o estresse se torna crônico — permanecendo por semanas, meses ou até anos — ele pode afetar negativamente diversas funções do corpo.


Os impactos do estresse crônico incluem:


  • Comprometimento do sistema imunológico;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Distúrbios do sono;
  • Inflamações recorrentes no corpo;
  • Redução da capacidade de regeneração celular.


Embora esses fatores sejam prejudiciais à saúde, eles não causam câncer diretamente, mas
podem agravar outras doenças e enfraquecer as defesas naturais do corpo, contribuindo para um ambiente menos saudável.


Estresse causa câncer?


Atualmente, não há comprovações científicas de que o estresse, por si só, seja a causa direta do câncer. De acordo com o National Cancer Institute, o estresse crônico pode enfraquecer o sistema imunológico, mas isso não significa que ele seja um fator responsável pelo desenvolvimento de células cancerígenas. Porém, uma
meta-análise mostrou que o estresse no trabalho esteve associado a um risco significativamente maior de se desenvolver, particularmente nos Estados Unidos, onde a carga laboral é mais intensa que na Europa.


Por outro lado, o estresse
pode aumentar o risco de câncer de forma indireta, pois está associado a hábitos prejudiciais à saúde, como:


  • Fumar;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Alimentação não balanceada;
  • Falta de atividade física.


Esses comportamentos estão diretamente relacionados a um
maior risco de desenvolver câncer. Assim, o estresse pode contribuir para decisões que impactam negativamente a saúde e elevam a probabilidade de contrair a doença.


Na minha experiência
, o estresse é um elemento praticamente unânime em meus pacientes. Por vezes um estresse crônico com atividades de trabalho e domésticas, por vezes uma ansiedade anormal em muitos aspectos da vida. Tive muitos casos, porém, de pacientes tratados de seus tumores há muitos anos e que vivenciam um estresse agudo (perda ou doença de familiares, problemas de relacionamento ou financeiros) e que apresentaram recidivas da doença pouco tempo após. 


O estresse e o sistema imunológico


O impacto do estresse no risco de câncer está intimamente ligado ao efeito que ele tem sobre o sistema imunológico.
O estresse crônico provoca a liberação de altos níveis de cortisol, um hormônio que pode suprimir a resposta imunológica do corpo, diminuindo sua capacidade de combater infecções e reparar danos celulares.


Com o sistema imunológico enfraquecido,
o corpo tem maior dificuldade em eliminar células anormais, que podem, eventualmente, evoluir para tumores. Além disso, o estresse prolongado pode desencadear inflamação crônica, um fator associado ao desenvolvimento de várias doenças, incluindo o câncer.


Estresse e progressão do câncer


Embora o estresse não seja considerado uma causa direta de câncer, estudos indicam que
ele pode influenciar a progressão da doença em pessoas já diagnosticadas. O estresse crônico pode acelerar o crescimento de tumores, em parte devido à liberação de hormônios como a adrenalina, que pode estimular a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e fornecer mais nutrientes para o tumor.


Além disso, o estresse pode afetar a resposta ao tratamento. Pacientes oncológicos que enfrentam níveis elevados de estresse
tendem a ter uma resposta imunológica menos eficaz, o que pode comprometer a eficácia dos tratamentos e dificultar a recuperação.


Estratégias para gerenciar o estresse


Dado que o estresse faz parte da vida cotidiana, adotar medidas para controlá-lo
é essencial para preservar a saúde geral e reduzir seus impactos negativos. Algumas estratégias eficazes para gerenciar o estresse incluem:


  • Atividade física regular: Praticar exercícios libera endorfinas, que promovem a sensação de bem-estar e ajudam a aliviar a tensão.
  • Técnicas de relaxamento: Meditação, yoga e exercícios de respiração profunda são eficazes para reduzir os níveis de cortisol e controlar o estresse.
  • Qualidade do sono: Dormir bem é fundamental para restaurar as funções do corpo, promovendo equilíbrio físico e emocional. Esse é um dos maiores obstáculos do mundo moderno, que força as pessoas a tomarem medicamentos que só perpetuam ou agravam o problema da rotina durante o dia.
  • Suporte emocional: Conversar com amigos, familiares ou procurar um profissional de saúde mental pode ajudar a enfrentar momentos de maior estresse.
  • Alimentação saudável: Uma dieta equilibrada e rica em nutrientes fortalece o sistema imunológico, ajudando o corpo a lidar melhor com situações estressantes.


O papel da prevenção


Embora o estresse não seja um fator de risco direto para o câncer,
cuidar da saúde física e mental é fundamental na prevenção de diversas doenças. Adotar um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e gerenciamento do estresse, pode ajudar a evitar comportamentos de risco que elevam as chances de desenvolver câncer.


Realizar
exames de rastreamento com regularidade, especialmente para quem tem histórico familiar da doença, também é uma medida importante para garantir a detecção precoce e aumentar as chances de um tratamento eficaz.


Perguntas frequentes


O estresse causa câncer?

Não há evidências científicas conclusivas de que o estresse, por si só, cause câncer. No entanto, o estresse pode indiretamente aumentar o risco, influenciando comportamentos prejudiciais à saúde.


Como o estresse afeta o risco de câncer?

O estresse crônico pode comprometer o sistema imunológico e levar a hábitos não saudáveis, como fumar ou beber, que aumentam o risco de câncer.


Estresse pode acelerar o crescimento de câncer?

Estudos sugerem que o estresse crônico pode influenciar a progressão do câncer, devido ao impacto negativo no sistema imunológico e na resposta ao tratamento.


O estresse pode afetar os tratamentos contra o câncer?

Sim, altos níveis de estresse podem diminuir a resposta do corpo ao tratamento, tornando-o menos eficaz e comprometendo a recuperação.


Quais os sintomas do estresse crônico?

O estresse crônico pode causar fadiga, distúrbios do sono, irritabilidade, aumento da pressão arterial e enfraquecimento do sistema imunológico.


Quais os sinais de que o estresse está afetando a saúde?

Sinais de que o estresse está impactando a saúde incluem insônia, aumento da pressão arterial, queda de cabelo, problemas digestivos e perda de apetite.


O estresse pode piorar os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer?

Sim, o estresse pode aumentar os efeitos colaterais físicos e emocionais dos tratamentos contra o câncer, como fadiga, náuseas e dor, além de comprometer a resposta ao tratamento.


Conclusão


Embora a ciência ainda não tenha estabelecido uma ligação direta entre estresse e câncer,
o impacto do estresse crônico na saúde é inegável. Ele pode enfraquecer o sistema imunológico, promover comportamentos de risco e, em alguns casos, afetar a progressão de doenças como o câncer. Portanto, gerenciar o estresse é essencial para manter uma boa saúde geral e prevenir doenças.



Agora que você entende melhor a relação entre estresse e câncer, o que você faz no seu dia a dia para controlar o estresse?

Continue acompanhando a central educativa para mais conteúdos relacionados à saúde.

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