Cirurgia Robótica em Oncologia - Conquistas e Desafios

Dr. Gustavo Schvartsman • 4 de abril de 2019

A cirurgia robótica com o sistema cirúrgico da Vinci foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) americano em 2000. A técnica foi rapidamente adotada por hospitais nos Estados Unidos e na Europa para uso no tratamento de uma ampla gama de condições, e introduzida no Brasil de maneira pioneira pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) em 2008. De lá para cá, mais de 5 mil procedimentos já foram realizados com a tecnologia. Apesar disso, muito se discute sobre os benefícios reais trazidos pelo robô e o impacto do seu custo na saúde pública e privada. Aqui, discuto alguns dos pontos importantes sobre o seu uso.

 

O que é o robô?


O sistema cirúrgico mais utilizado inclui um braço de câmera e braços mecânicos com instrumentos cirúrgicos ligados a eles. O cirurgião controla os braços enquanto está sentado em um console de computador perto da mesa de operação. O console dá ao cirurgião uma visão 3D ampliada e de alta definição do local da cirurgia, conduzindo os instrumentos e liderando outros membros da equipe que ajudam durante a operação.

 

Quais são as vantagens da cirurgia robótica?


Para cirurgiões, o sistema aumenta a precisão, a flexibilidade e o controle durante a operação, além de permitir uma visibilidade melhor, em comparação com as técnicas tradicionais. Usando a cirurgia robótica, os cirurgiões podem realizar procedimentos delicados e complexos que poderiam ter sido difíceis ou impossíveis com outros métodos. Isso pode levar a menos complicações, como infecção do sítio cirúrgico, menos dor e perda de sangue e uma recuperação pós-operatória e tempo de internação mais rápidos. Ademais, as cicatrizes ficam menores e menos perceptíveis.

 

Quais as desvantagens?


Hoje, a tecnologia ainda é cara. Aumenta, em média, 2000 dólares o valor de uma cirurgia. Esse número, porém, quando em uma cirurgia bem indicada, é bastante questionado, uma vez que o tempo de estadia hospitalar e gastos com complicações do tratamento convencional podem ser maiores. Ademais, os cirurgiões necessitam de uma certificação especial para manusear o robô, e constante atualização sobre os aparelhos mais modernos. A curva de aprendizado, no entanto, é rápida e os cirurgiões mais jovens vêm tendo acesso cada vez mais precoce ao robô.

 

Indicações


Diversas áreas cirúrgicas, tanto em oncologia quanto em outras entidades benignas, vêm adotando o uso do robô. A primeira e principal aplicação foi em prostatectomia radical. Por ser região delicada e com difícil visualização e manuseio de instrumentos com angulação limitada, o robô pode proporcionar menos complicações e recuperação mais rápida. A cirurgia robótica de pâncreas, capitaneada pelo HIAE no Brasil, também pode reduzir perdas sanguíneas, preservar o baço em mais casos e reduzir tempo hospitalar. Outras indicações emergentes, como cirurgia cardíaca, torácica e de tumores de orofaringe vêm ganhando destaque.

 

Considerações sobre a cirurgia robótica


A cirurgia robótica contribui de uma maneira inovadora na técnica operatória. O seu benefício, porém, sobre a cirurgia convencional aberta, ou mesmo laparoscópica, é difícil de ser comprovado. Realizar um estudo randomizado é um desafio neste cenário, havendo muitas variáveis e vieses de difícil controle. A maior parte dos estudos converge para uma redução de complicações e tempo de estadia hospitalar, mas sem diferença em desfechos oncológicos (recidiva, sobrevida). Contudo, em algumas indicações, como por exemplo em tumores ginecológicos, cirurgias de reto e nefrectomias, o uso do robô é bastante controverso, por aumentar tempo operatório e custos, sem necessariamente se traduzir em benefícios. Por outro lado, para a prostatectomia radical no HIAE, foi possível empacotar toda a jornada do paciente (cirurgia, pós-operatório e complicações) e obter um valor final inferior ao se utilizar o robô, apesar do custo elevado do uso do mesmo.

 

Conclusão


Em suma, com a concorrência de outros fabricantes e disseminação de versões mais antigas em centros menores e universitários, o acesso deve aumentar e o preço deve diminuir ao longo dos anos. A indicação deve ser precisa e esforços para demonstrar o benefício, justificando seu uso rotineiro, ampliados.


imunoterapia para câncer metastático
Por Gustavo Schvartsman 19 de fevereiro de 2025
Entenda como a imunoterapia está revolucionando o tratamento do câncer metastático, oferecendo novas esperanças para pacientes e quando ela é indicada.
estresse causa câncer?
Por Gustavo Schvartsman 17 de fevereiro de 2025
Você já ouviu falar que estresse causa câncer? Descubra se o estresse realmente pode causar a doença e como ele impacta na sua saúde.
Imunoterapia para Melanoma
Por Gustavo Schvartsman 14 de fevereiro de 2025
Descubra como a imunoterapia para melanoma funciona, seus benefícios e quando é indicada para pacientes com este tipo de câncer de pele.
rastramento genético quando é indicado e como funciona
Por Gustavo Schvartsman 13 de fevereiro de 2025
Saiba como o rastreamento genético pode identificar riscos hereditários, orientar medidas preventivas e personalizar tratamentos para sua saúde.
rastreamento câncer de pulmão
Por Gustavo Schvartsman 27 de janeiro de 2025
Saiba quem deve fazer o rastreamento para câncer de pulmão, quando ele é recomendado e os benefícios da detecção precoce para o tratamento eficaz.
cessação do tabagismo
Por Gustavo Schvartsman 1 de janeiro de 2025
Descubra como é o processo de cessação do tabagismo e os inúmeros benefícios para a saúde ao parar de fumar, com estratégias eficazes para uma vida mais saudável.
anticorpos monoclonais conjugados
Por Gustavo Schvartsman 25 de dezembro de 2024
Descubra como os anticorpos monoclonais conjugados estão revolucionando o tratamento do câncer, com alta precisão e menos efeitos colaterais.
terapia de prótons
Por Gustavo Schvartsman 19 de dezembro de 2024
Entenda o que é a terapia de prótons, como ela funciona e suas indicações. Acesso o conteúdo e leia mais sobre o tema.
teste genético câncer
Por Gustavo Schvartsman 17 de dezembro de 2024
Teste genético para câncer: saiba como ele pode ajudar na detecção precoce e prevenção, orientando decisões sobre cuidados e tratamentos personalizados.
exame de pulmão para fumantes
Por Gustavo Schvartsman 12 de dezembro de 2024
Entenda como o exame de pulmão para fumantes pode detectar precocemente o câncer de pulmão, quem deve fazer e os benefícios do rastreamento regular.
Mais Posts
Share by: