A imunoterapia no tratamento do câncer representa uma das mais promissoras evoluções na oncologia moderna. Se você está buscando compreender como a imunoterapia pode impactar o tratamento do câncer, seja como paciente, familiar ou profissional de saúde, continue lendo para entender mais sobre o tema.
A
imunoterapia é um tratamento que utiliza o sistema imunológico do próprio paciente para combater o câncer. O princípio subjacente é que o sistema imunológico, quando devidamente estimulado, é capaz de identificar e destruir células cancerígenas ou patogênicas. Ela pode ser realizada de várias formas, incluindo terapia com anticorpos monoclonais, terapia celular, e vacinas contra o câncer.
Entre os diversos tipos de imunoterapia, destacam-se a terapia com anticorpos monoclonais e as terapias celulares.
Terapia com Anticorpos Monoclonais contra PD-1/PD-L1: Esta é a forma de imunoterapia mais popular hoje, com múltiplos medicamentos aprovados pela ANVISA para uso em mais de 30 indicações de câncer. Seu uso revolucionou a oncologia, e os pesquisadores envolvidos no seu descobrimento foram agraciados com o prêmio Nobel em 2018. Essa tecnologia envolve o bloqueio da interação entre duas proteínas, o PD-1 e o PD-L1, uma expressa na célula do sistema imune, e outra na célula tumoral. Quando essa interação acontece, o tumor inativa o sistema imune. Dessa forma, o anticorpo que administramos se liga ou ao PD-1 (pembrolizumabe, nivolumabe, cemiplimabe) ou ao PD-L1 (durvalumabe, atezolizumabe, avelumabe) e bloqueia essa interação, restabelecendo a atividade do sistema imune contra o câncer.
Terapia com Anticorpos Monoclonais contra outros alvos do sistema imune: outros alvos que também influenciam na boa atuação do sistema imune com medicamentos aprovados incluem o CTLA-4 (ipilimumabe, tremelimumabe) e LAG-3 (relatlimabe). São bloqueados geralmente em conjunto com o PD-1. Dezenas de outros alvos estão sendo estudados, com alguns dados promissores e outros ainda muito iniciais. A compreensão dos mecanismos é complexa, e demanda muita expertise e tempo.
Terapias Celulares, como a Terapia CAR-T e TILs: Esta abordagem inovadora envolve a modificação das células imunológicas do próprio paciente.
Na terapia CAR-T, os linfócitos T do paciente são coletados e geneticamente alterados em laboratório para expressar receptores de antígenos quiméricos (CARs) na sua superfície. Estes CARs são projetados para reconhecer e se ligar a antígenos específicos nas células do câncer. Após essa modificação, as células T são reintroduzidas no paciente, onde podem identificar e destruir as células cancerosas. A terapia CAR-T tem demonstrado resultados promissores, especialmente em alguns tipos de leucemia e linfoma. O CAR-T exige que um tumor homogeneamente expresse a mesma proteína, e que essa proteína não seja expressa em órgão vital. Somente assim sua eficácia pode ser alta e o tratamento sem toxicidades fatais. Para tumores sólidos, isso é mais difícil, pois são tumores mais heterogêneos e dentro de órgãos vitais. Nesse contexto, a terapia com
Tumor Infiltrating Lymphocytes
(linfócitos infiltrativos de tumor, ou TILs), tem um papel mais interessante, onde não há modificação genética das células, mas sim uma obtenção de múltiplas populações de células T, contra vários antígenos, advindos da própria metástase do paciente. Essas células são expandidas em laboratório e infundidas em grande número de volta no corpo. Foi recentemente aprovada nos Estados Unidos para melanoma metastático.
Vacinas: As vacinas tradicionalmente não trouxeram bons resultados em câncer. Uma vacina chamada Tedopi, de laboratório francês, trouxe bons resultados em câncer de pulmão, mas ainda não está disponível comercialmente. A tecnologia mais promissora é a de vacina de mRNA, com a mesma tecnologia do COVID-19. A BioNTech e Moderna estão desenvolvendo vacinas altamente personalizadas, sequenciando o DNA do tumor e desenvolvendo a vacina especificamente para os antígenos de cada paciente. OS resultados iniciais são promissores e aguardamos os estudos confirmatórios.
Todas as abordagens representam um marco na personalização do tratamento do câncer,
direcionando o sistema imunológico do próprio paciente para combater a doença de maneira eficaz e muitas vezes com menos efeitos colaterais comparados aos tratamentos tradicionais. A imunoterapia continua a ser um campo de intensa pesquisa e desenvolvimento, trazendo novas esperanças e opções para pacientes com câncer.
A imunoterapia tem emergido como uma opção de tratamento eficaz para uma variedade de tipos de câncer, ampliando o leque de estratégias disponíveis para os pacientes. Entre os tipos de câncer que demonstraram resposta positiva à imunoterapia estão:
Além desses, a imunoterapia está sendo investigada e utilizada em muitos outros tipos de câncer e em cenários mais precoces, como câncer colorretal, e alguns tipos de leucemia e linfoma. À medida que a pesquisa avança, espera-se que a imunoterapia se torne uma parte cada vez mais importante do arsenal contra o câncer, oferecendo tratamentos personalizados baseados nas características individuais do tumor e do sistema imunológico do paciente.
A terapia de checkpoint imunológico é uma forma avançada de imunoterapia utilizada no tratamento de diversos tipos de câncer. Essa terapia funciona através da manipulação dos mecanismos de controle ("checkpoints") do sistema imunológico que, em condições normais, ajudam a prevenir uma resposta imune excessiva. No contexto do câncer, as células tumorais muitas vezes exploram esses checkpoints para evitar serem atacadas pelo sistema imunológico.
Os medicamentos usados na terapia de checkpoint imunológico, conhecidos como inibidores de checkpoint, bloqueiam essas proteínas específicas, permitindo que o sistema imunológico reconheça e combata as células cancerígenas de forma mais efetiva. Estes medicamentos têm se mostrado particularmente
eficazes no tratamento de tipos de câncer
como melanoma, câncer de pulmão não-pequenas células, câncer de bexiga, e alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço, entre outros.
Além de melhorar a capacidade do sistema imunológico de lutar contra o câncer, a terapia de checkpoint imunológico é notável por seus benefícios duradouros em alguns pacientes, oferecendo controle prolongado sobre a doença. Contudo, é importante notar que essa terapia pode ter efeitos colaterais, incluindo reações imunológicas que afetam órgãos e tecidos saudáveis, exigindo monitoramento e manejo cuidadoso por parte dos profissionais de saúde.
Cada uma dessas terapias têm mecanismos únicos de ação e implicações diferentes para o paciente.
A imunoterapia funciona
estimulando ou restaurando a capacidade do sistema imunológico do corpo de combater o câncer. Diferentemente de outras terapias, a imunoterapia se concentra em fortalecer as defesas naturais do corpo contra as células cancerígenas. Inclui tratamentos como os inibidores de checkpoint imunológico e a terapia CAR-T, que são projetados para ajudar o sistema imunológico a reconhecer e atacar o câncer.
A terapia-alvo envolve o uso de medicamentos ou outras substâncias que atacam especificamente as moléculas que impulsionam o crescimento e a disseminação do câncer. Essa abordagem é baseada no conhecimento das características genéticas ou proteicas específicas das células cancerosas, tornando a terapia mais precisa e, frequentemente, com menos efeitos colaterais em comparação à quimioterapia tradicional. A imunoterapia tende a funcionar melhor em pacientes não elegíveis à terapia-alvo, e vice-versa.
Já a quimioterapia é uma forma mais tradicional
de tratamento do câncer que utiliza medicamentos para matar rapidamente as células que se dividem, incluindo as células cancerosas. Embora seja eficaz, a quimioterapia também afeta células saudáveis do corpo, o que pode levar a uma gama de efeitos colaterais. Esta abordagem não é específica para células cancerígenas e pode afetar o crescimento de células saudáveis, especialmente aquelas que se dividem rapidamente, como as células do cabelo, do sangue e do revestimento do trato digestivo.
Cada uma dessas modalidades de tratamento tem suas vantagens, limitações e aplicações específicas, dependendo do tipo de câncer, estágio da doença e características individuais do paciente. A escolha do tratamento ideal depende de uma avaliação cuidadosa do paciente e do câncer, levando em consideração todos esses fatores.
A duração das sessões de imunoterapia pode variar consideravelmente dependendo do tipo específico de tratamento. Alguns tratamentos podem ser administrados em cerca de 30 minutos, enquanto outros podem levar várias horas. A frequência e o número total de sessões também variam, podendo ser semanais, quinzenais ou mensais, e são determinadas com base no tipo de câncer, estágio da doença e resposta do paciente ao tratamento.
Após a conclusão da imunoterapia, os pacientes geralmente passam por um período de acompanhamento regular, que inclui exames clínicos e de imagem para monitorar a resposta ao tratamento e a detecção precoce de possíveis recidivas.
É importante que os pacientes mantenham uma comunicação constante com a equipe de saúde e relatem quaisquer novos sintomas ou preocupações. Além disso, recomenda-se manter um estilo de vida saudável e seguir as orientações médicas específicas para apoiar a recuperação e o bem-estar geral.
Embora a imunoterapia ofereça benefícios significativos no combate ao câncer, ela também pode acarretar efeitos colaterais, que variam de leves a graves. Os mais comuns incluem fadiga, que afeta a energia e o bem-estar geral do paciente, reações cutâneas, que podem se manifestar como erupções cutâneas ou prurido, e problemas gastrointestinais, como diarreia ou constipação.
Estes efeitos colaterais ocorrem porque a imunoterapia,
ao ativar o sistema imunológico para combater as células cancerosas, pode também levar a uma resposta imune contra células e tecidos saudáveis do corpo. A gestão desses efeitos colaterais envolve uma abordagem multifacetada, que pode incluir o uso de medicamentos para aliviar sintomas específicos, ajustes na dosagem ou no regime de tratamento, e, em casos mais graves, a suspensão temporária ou permanente da imunoterapia.
É fundamental que os pacientes recebam informações detalhadas sobre os potenciais efeitos colaterais antes de iniciar a imunoterapia, e que sejam monitorados de perto durante o tratamento. A
comunicação aberta com a equipe de saúde permite uma intervenção rápida e eficaz diante de quaisquer reações adversas, contribuindo para a manutenção da qualidade de vida do paciente enquanto recebe tratamento para o câncer.
Recentemente, a área da imunoterapia tem testemunhado avanços notáveis, impulsionados por pesquisas clínicas inovadoras e o desenvolvimento de novos tratamentos e combinações terapêuticas. Estes progressos são marcados pelo desenvolvimento de novos agentes imunoterápicos. Cientistas estão constantemente identificando e testando novos agentes, como anticorpos monoclonais aprimorados e inibidores de checkpoint imunológico, que mostram potencial para serem mais eficazes
e menos tóxicos.
Uma área particularmente promissora é a das combinações terapêuticas. A imunoterapia, quando combinada com outros tratamentos como quimioterapia, radioterapia e terapia alvo, pode
potencializar os efeitos benéficos, resultando em melhores desfechos para os pacientes. Além disso, a pesquisa clínica e os ensaios clínicos estão focados em explorar como diferentes tipos de imunoterapia podem ser otimizados. Isso inclui determinar o momento ideal para administração, a dosagem correta e a seleção de pacientes que mais provavelmente se beneficiarão desses tratamentos.
Avanços também têm sido alcançados no desenvolvimento de terapias imunológicas personalizadas. Estas são adaptadas às características genéticas e imunológicas específicas do tumor de cada paciente, proporcionando abordagens de tratamento mais direcionadas e eficazes. Além disso, a imunoterapia está se expandindo para abranger uma gama mais ampla de tipos de câncer. Isso inclui aqueles que anteriormente eram considerados menos responsivos a essa abordagem, abrindo novas possibilidades no combate a estas doenças.
Esses avanços estão revolucionando o tratamento do câncer, trazendo novas esperanças e possibilidades para pacientes enfrentando esta condição desafiadora.
Como funciona a imunoterapia no tratamento do câncer?
A imunoterapia funciona estimulando ou restaurando a capacidade do sistema imunológico do corpo para identificar e combater células cancerosas. Isso é feito através de medicamentos que podem ativar o sistema imunológico ou atingir pontos específicos nas células do câncer para destruí-las.
Quais são os riscos da imunoterapia?
Os riscos da imunoterapia incluem reações autoimunes, onde o sistema imunológico ataca células saudáveis do corpo, levando a inflamações em órgãos como pulmões, intestino, fígado e glândulas endócrinas. Outros efeitos colaterais podem incluir fadiga, erupções cutâneas e problemas gastrointestinais.
O que acontece depois da imunoterapia?
Após a imunoterapia, os pacientes passam por um período de monitoramento, incluindo exames regulares e avaliações para verificar a resposta ao tratamento, a recorrência do câncer e a gestão de quaisquer efeitos colaterais. O acompanhamento contínuo é essencial para avaliar a eficácia do tratamento e a saúde geral do paciente.
Quanto tempo dura o tratamento com imunoterapia?
A duração do tratamento com imunoterapia varia conforme o tipo de câncer, resposta do paciente e tipo específico de imunoterapia, podendo durar de meses a anos.
A imunoterapia é sempre eficaz?
A eficácia da imunoterapia varia de acordo com o tipo de câncer, características genéticas do tumor e resposta individual do paciente. Não é eficaz para todos os pacientes ou todos os tipos de câncer.
A imunoterapia pode ser usada em combinação com outros tratamentos?
Sim, a imunoterapia pode ser eficaz quando usada em combinação com outras terapias, como quimioterapia, radioterapia e terapia alvo.
Qual é o impacto da imunoterapia na qualidade de vida do paciente?
A imunoterapia pode melhorar a qualidade de vida ao oferecer uma opção de tratamento menos invasiva com potencialmente menos efeitos colaterais do que a quimioterapia. No entanto, os efeitos colaterais da imunoterapia podem variar e devem ser gerenciados adequadamente.
Como a imunoterapia afeta a resposta imunológica a longo prazo do paciente?
A imunoterapia pode melhorar a resposta imunológica a longo prazo, ensinando o sistema imunológico a reconhecer e combater células cancerígenas, o que pode resultar em uma memória imunológica que previne a recorrência do câncer.
Existem fatores genéticos ou biomarcadores que podem indicar a eficácia da imunoterapia em um paciente específico?
Sim, existem fatores genéticos e biomarcadores, como a expressão de PD-L1 e mutações específicas como MSI ou TMB, que podem indicar a eficácia da imunoterapia e ajudar na personalização do tratamento para pacientes específicos.
Como a imunoterapia é ajustada para pacientes idosos ou aqueles com saúde frágil?
A imunoterapia é bem tolerada e de forma geral não sofre modificação de doses, sempre exigindo monitoramento rigoroso de efeitos colaterais, e consideração do estado geral de saúde e comorbidades do paciente.
A imunoterapia pode ser reiniciada após uma interrupção, e quais seriam as implicações?
A imunoterapia pode ser reiniciada após uma interrupção, dependendo da condição do paciente e da razão para a interrupção. Implicações podem incluir uma resposta alterada do sistema imunológico ou a necessidade de ajustes no regime de tratamento.
A imunoterapia no tratamento do câncer é uma área dinâmica e em rápido desenvolvimento, oferecendo novas esperanças e opções para pacientes. Embora ainda haja desafios, como os efeitos colaterais e a necessidade de tratamentos mais personalizados, os avanços nesta área estão abrindo novos caminhos na luta contra o câncer. Compartilhe este artigo para disseminar conhecimento sobre a imunoterapia com quem está lutando contra o câncer.
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