Os testes moleculares vêm ganhando destaque no tratamento do câncer de mama. Consistem em análise da biologia individual de um tumor maligno que se desenvolve na mama, examinando a atividade de genes no tecido tumoral. A partir do resultado desses testes, pode-se refinar a estimativa do risco de o tumor retornar, acrescendo-se das características tradicionais do tumor e da paciente. Um estudo muito aguardado, de nome TailorX, recrutou pacientes com câncer de mama localizado de até 5 centímetros, sem linfonodos acometidos, e realizou o teste molecular Oncotype Dx para definir quem se beneficia de tratamento pós-operatório com hormonioterapia isolada ou com hormonioterapia associada à quimioterapia. Em um momento anterior, já havia sido publicado dados para os grupos de baixo risco (escore < 11), mostrando excelentes desfechos em pacientes que receberam apenas hormonioterapia, sem associação de quimioterapia. Na apresentação deste ano, a parcela de pacientes com escore entre 11 e 25 foi randomizado para receber quimioterapia seguida de hormonioterapia contra hormonioterapia isolada. O estudo de maneira geral mostrou que podemos poupar cerca de 70% da pacientes de tratamento quimioterápico, restando dúvidas apenas pacientes com escore de 21 a 25 com menos de 50 anos poderiam se beneficiar de quimioterapia. Vale lembrar que quimioterapia foi dada a todas as pacientes com escore > 25, não se podendo afirmar se tiveram de fato benefício (assume-se que por serem de alto risco de recidiva, a quimioterapia trará benefícios e seria arriscado não tratá-las).
Outro trabalho que ganhou grande destaque foi um estudo chamado Persephone, com um desenho chamado não-inferioridade (testa se o grupo experimental não é inferior ao grupo controle, ao invés de se é superior). Esse estudo, que envolve políticas públicas de saúde de custo-efetividade, foi financiado pelo governo britânico. Cerca de 4.000 pacientes com câncer de mama localizado, HER-2 positivo, foram randomizadas para receber tratamento pós-operatório com quimioterapia associada a 6 meses (grupo experimental) ou 12 meses (tratamento padrão) de trastuzumab, um anticorpo monoclonal direcionado ao receptor HER-2. A intenção de descalonar o tratamento seria a de baixar custos e diminuir a incidência de toxicidades, principalmente cardíaca. Esse estudo mostrou que, em quatro anos, 89,8% das pacientes estavam vivas e sem evidência de doença no grupo padrão, comparado com 89,4% no grupo experimental. O estudo atingiu seu objetivo primário de não-inferioridade, argumentando que a maioria das mulheres que se encaixe nesse perfil poderiam ser poupadas dos 6 meses adicionais de trastuzumabe (economia de cerca de 60 a 70 mil reais por paciente, e redução de cardiotoxidade de 8% para 4%). Esses dados, porém, devem ser interpretados com cautela, visto que o padrão de quimioterapia foi modificado durante o processo de recrutamento desse estudo. Assim, a aplicabilidade desses dados tem de ser individualizada para cada paciente. Para grande parte das pacientes, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica se posicionou a favor da redução da duração de tratamento, particularmente no Sistema Único de Saúde, no qual a medida implicaria uma economia significativa de recursos que poderiam ser realocados em outros tratamentos oncológicos.
Um terceiro estudo bastante interessante, agora no cenário de doença avançada (com metástases), foi o MONALEESA 3. Esse estudo randomizou 726 pacientes com câncer de mama metastático, na pós-menopausa, com receptores hormonais positivos e sem expressão de HER-2, para receber, em segunda linha de tratamento, em sua maioria, uma combinação de fulvestranto (bloqueador do receptor de estrogênio) com ribociclib, um inibidor de CDK 4/6, versus Fulvestranto isolado. O resultado do estudo foi um aumento de sobrevida livre de doença mediana de 12,8 para 20,5 meses em favor do tratamento combinado (HR = 0,59).
Por fim, dois estudos fase 3, com mais de 3.500 pacientes, avaliaram prospectivamente o uso de Denosumab, um inibidor de RANK-L, como tratamento adjuvante em pacientes com câncer de mama após cirurgia. O ABCSG18 e o D-CARE tiveram resultados contrários. O primeiro mostrou uma melhora significativa em sobrevida livre de doença (HR = 0,82), sendo que 89,2% não tinham doença após cinco anos com Denosumab, versus 87,3% para o grupo controle. Já o segundo estudo foi negativo em seu desfecho primário, sobrevida livre de metástase óssea (HR de 0,97) e em seus desfechos secundários, sobrevida livre de doença e sobrevida global. Portanto, ainda não temos dados definitivos sobre esse assunto, apesar de ser indiscutível o benefício de diminuição de fraturas patológicas decorrentes do uso de inibidores de aromatase em mulheres menopausadas.
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